sábado, 8 de março de 2014

(Um Lembrete sobre) Sonhos, Liberdade e Sorrisos Bobos.




Acordei refletindo depois de um sonho rico em detalhes, mas só ele continuou na minha mente, ele que eu mal lembro o nome. Talvez seja Davi, Levi, ou Rogério. Ele que tinha cara de Breno. Não me lembro de tê-lo chamado pelo nome, mas por causa de seu sorriso, ele continuava vivo na minha mente. Pelo menos por enquanto, por essa hora ou esse dia, pois em algum momento ele vai se tornar tão transparente quanto água e vai evaporar.
Ele era definitivamente mais baixo do que eu, mais branco do que eu, bonito, divertido, mais qualquer coisa. Porém tinha suas controvérsias.
No sonho eu era filho de um casal rico e tinha irmãos de nariz empinado, eu estava conhecendo tudo, inclusive essa família que eu não tinha e uma casa enorme cheia de coisas caras, no começo eu pensei que esse garoto seria o meu segredo, mas todos sabiam quem ele era. E Quem ele era?
Sorríamos, e melhor que qualquer coisa, ele sorria comigo, fazia meus lábios atravessarem o meu sorriso em busca de expressar o quão feliz ele me deixava. Sorrisos bobos entre os lenços entre troca de beijos e carinhos. Suaves toques de dedos exploradores, fluente vibração, calor humano, paixão ardente, mordidas amorosas e almas conectadas pelos nossos olhares que não se cansavam.
Então eu me pegava pensando: como minha família podia aceita-lo?
        Acho que nunca saberei, e lhe digo que tentei voltar a esse sonho, mas era tarde demais. Minha família fictícia se fora. Junto com o desconhecido que me fazia sentir uma pessoa única.
         Talvez seja assim a sensação de liberdade, de ter a pessoa amada ao nosso lado sem medo dos olhares alheios, algo que eu nunca senti na realidade e tenho medo de tentar pelos pensamentos e ações cruéis dos quais me rodeiam.
         Enquanto escrevo o sonho se esvai pela minha mente, logo eu já não lembrarei quem ele é, mas sei que foi obra do meu inconsciente, apesar de que seria bom ele existir já que não conheço ninguém como ele. Seus olhos expressivos, seu sorriso radiante, seu abraçado apertado, seus braços protetores, seus cabelos macios, sua nuca cheirosa. O seu existir = o meu existir.
         No sonho ele também infringia as leis do bom samaritano, no começo eu pensava que ele só estava afim do dinheiro da minha família, afinal, por que outro motivo ele estaria comigo? Mas ele me fez achar esse pensamento ridículo pouco depois. Eu também testei um pouco dos seus limites, toquei nele mais do que faria em um estranho, toquei com excitação e ele me respondeu à altura, tinha sua prova em minhas mãos, sólida e pulsante. Mas no final ele não me largou como eu costumo fazer. Ele me beijou e fez meu coração se iluminar ainda mais.
         Não vou passar um segundo sequer pensando quem seria ele na minha vida real, talvez seja só a minha mente nostálgica ou um amor platônico engavetado pelo tempo, mas ainda quero saber o seu nome.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Hid (Trecho 2)


Qual é a diferença entre o cara que me ensinou a andar numa caminhonete velha de família quando eu ainda nem era adolescente com o cara que me trancou no porão e me acorrentou num pilar de ferro? A diferença entre o homem que ensinou a me barbear com o homem que pegou qualquer coisa dura e a usou contra as minhas costas até me deixar encharcado em vermelho? Entre a pessoa que me ajudava a dormir, que me ensinava sobre a vida e que me amava acima de tudo com essa pessoa que me deixou faminto por dias enquanto alternava para os membros ainda não feridos, roxos ou inchados?
Não sei se sinto mais dor, a dor faz parte de mim nesse momento, chega uma hora que sua pele simplesmente se desgruda da carne e fica tão rígida que você perde boa parte da sensibilidade.
Minhas feridas já cicatrizavam... As mais antigas, as mais físicas. Agora elas davam boas vindas às novatas já não tão sofridas e ainda avermelhadas. Crostas de poeira salgadas pelas lágrimas são bem vindas, como uma capa extra, se não coçassem tanto eu as deixaria por mais tempo. Só que isso importava mais, esse prurido não era mais em uma área isolada em mim, era o meu corpo.
Às vezes esse cara me desacorrentava e me dava água e comida com gosto de lama. Eu não tinha mais fome, porém tinha um vazio no meu peito, sinto que alguém me tirou algo muito importante. Algo essencial. Essa dor anestesiava o resto. Como numa sala escura e uma lâmpada no meio, o buraco no meu peito estava iluminado e os monstros ao meu redor simplesmente estavam no escuro e não podia vê-los, por mais que eu soubesse que eles estavam ali.
Por favor, alguém pode me dizer qual é a diferença entre aquele quem me ensinou a ser um homem, me ensinou a trabalhar para ajudar no sustento da minha família humilde, me defendeu contra as monstruosidades do mundo, me deu forças quando meus olhos ficavam vermelhos e me alegrou quando nada mais no mundo tinha graça? Entre esse que balbucia em uma linguagem inaudível, que tira sangue de lugares que eu achava que já não era possível, que me jogou nesse buraco escuro e me trancou até perder a noção do tempo.
Por favor, me diga você, pois eu não consigo lembrar.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Hid (Trecho 1)





E no final do corredor andava Valentin com aquele cabelo cacheado louro escuro que me fazia suspirar, sua camisa sempre apertada me provocava como nunca, sua bermuda surrada depois do treino intenso de vôlei. As aulas já tinham acabado há horas e eu devia estar em casa, mas em dias de treino eu sempre esperava um pouco mais para voltar. Às vezes folheava um livro na cantina que ficava ao lado das quadras onde se podiam ver os alunos suando a camisa. Na verdade o time não importava, mas ele sim. Valentin importava para mim.
Pelo reflexo dos armários eu conseguia ver a sombra dele, eu precisava saber onde ele estava para continuar espiando sem ser percebido. Valentin agora passava a um metro de mim, enquanto fingia que procurava qualquer coisa no meu armário. Podia sentir o seu cheiro, ele estava suado e muitas pessoas ficariam incomodadas com isso, porém isso só me excitava. E... Eu estava excitado. No meio do corredor na escola, ótimo.
Na minha mente eu imaginava no dia que ele me notaria, talvez só pra pedir uma informação ou por educação. Mas nesse dia ele me puxava pelo braço, o livro que estava na minha mão caia ao chão junto com o meu disfarce. Então ele me empurrava com força contra o armário e eu “confuso” com a situação o empurrava de volta. Nesse dia ele diria que sabia que eu não ficava ali por nada, sabia que estava me olhando, e eu sem saber o que fazer ficaria calado. Logo depois ele me abraçaria e nós riríamos juntos como amantes atuando como o dia que se conheceram, nos beijaríamos e sairíamos correndo para sala vazia mais próxima.
Mas essa hipótese me iludia, essa utopia me maltratava por dentro.
E eu estava sozinho no corredor, eu e minha ereção. Valentin e o resto do time tinham sumido da minha vista enquanto eu me perdia em pensamentos, na minha cabeça ele continuava presente. Puxei minha mochila e joguei sobre meu ombro, não podia ir embora, eu estava tão excitado que minha calça jeans me traia. Nenhum celular preencheria aquele volume.
Entrei no banheiro próximo da saída e por essa eu não esperava, lá estavam Valentin e outros dois amigos. Meu estomago congelou sem aviso prévio. Sem manter contato visual entrei em uma das cabines e ansioso eu me sentei. Eles conversavam do novato do time que tropeçava nos pés frequentemente e parecia que ele foi a atração principal da semana, mas o técnico era o único que não achava engraçado.
A voz de Valentin se sobressaia como tudo nele. E meus pensamentos me levaram para outro nível, talvez enquanto nós nos amávamos, não entramos numa sala vazia qualquer, e sim nesse banheiro e ali estaríamos. Ele me puxaria para a cabine depois de olhar cuidadosamente pela porta para certificar que ninguém nos chatearia. Trancaria a porta e nossos corpos estariam suplicando para compartilhar calor um com o outro.
Eu puxaria sua camisa sem demorar e a minha sem eu notar já estaria jogada no chão perto à dele. Nossas bocas se reconfortavam e nossas mãos explorariam a anatomia.
Compartilharíamos beijos enquanto minha mão escorregaria para dentro de sua cueca depois que a mão dele já estivesse dentro da minha, segurando firme meu pênis ereto e me masturbando cada vez mais rápido. Aquela mão quente que me faria gozar em êxtase.
É aqui o nirvana? Então eu acordo. Com gemidos fugitivos tentando sair, tapo minha boca em susto. Aparentemente ninguém me ouviu e sinto um gosto estranho nos meus lábios, tinha algo nos meus dedos.
     Foi quando eu percebi que gozei na porta da cabine. Minha calça estava abaixada e minha mão encharcada. Não tinha mais ninguém no banheiro, Valentin já tinha ido embora, fisicamente apenas.
     Sempre que pensava nele, eu sentia seu cheiro, mas essa era a única coisa que eu tinha certeza nele. Na minha cabeça eu tocava sua pele, passava minha mão pelo seu rosto, beijava sua boca e chupava seu membro até sentir minha boca recompensada pelo prêmio liquido. Mas isso era na minha cabeça, tudo não passava de pensamentos frequentes que ele me fazia ter. E cada dia que eu o via eu me perguntava quando o sentiria de verdade.