Acordei refletindo depois de
um sonho rico em detalhes, mas só ele continuou na minha mente, ele que eu mal
lembro o nome. Talvez seja Davi, Levi, ou Rogério. Ele que tinha cara de Breno.
Não me lembro de tê-lo chamado pelo nome, mas por causa de seu sorriso, ele continuava
vivo na minha mente. Pelo menos por enquanto, por essa hora ou esse dia, pois em
algum momento ele vai se tornar tão transparente quanto água e vai evaporar.
Ele era
definitivamente mais baixo do que eu, mais branco do que eu, bonito, divertido,
mais qualquer coisa. Porém tinha suas controvérsias.
No sonho eu
era filho de um casal rico e tinha irmãos de nariz empinado, eu estava
conhecendo tudo, inclusive essa família que eu não tinha e uma casa enorme
cheia de coisas caras, no começo eu pensei que esse garoto seria o meu segredo,
mas todos sabiam quem ele era. E Quem ele era?
Sorríamos,
e melhor que qualquer coisa, ele sorria comigo, fazia meus lábios atravessarem
o meu sorriso em busca de expressar o quão feliz ele me deixava. Sorrisos bobos
entre os lenços entre troca de beijos e carinhos. Suaves toques de dedos exploradores,
fluente vibração, calor humano, paixão ardente, mordidas amorosas e almas conectadas
pelos nossos olhares que não se cansavam.
Então eu me
pegava pensando: como minha família podia aceita-lo?
Acho que nunca saberei, e lhe digo que tentei voltar a esse
sonho, mas era tarde demais. Minha família fictícia se fora. Junto com o
desconhecido que me fazia sentir uma pessoa única.
Talvez seja assim a sensação de liberdade, de ter a pessoa
amada ao nosso lado sem medo dos olhares alheios, algo que eu nunca senti na
realidade e tenho medo de tentar pelos pensamentos e ações cruéis dos quais me
rodeiam.
Enquanto escrevo o sonho se esvai pela minha mente, logo eu
já não lembrarei quem ele é, mas sei que foi obra do meu inconsciente, apesar
de que seria bom ele existir já que não conheço ninguém como ele. Seus olhos
expressivos, seu sorriso radiante, seu abraçado apertado, seus braços
protetores, seus cabelos macios, sua nuca cheirosa. O seu existir = o meu
existir.
No sonho ele também infringia as leis do bom samaritano, no
começo eu pensava que ele só estava afim do dinheiro da minha família, afinal,
por que outro motivo ele estaria comigo? Mas ele me fez achar esse pensamento
ridículo pouco depois. Eu também testei um pouco dos seus limites, toquei nele
mais do que faria em um estranho, toquei com excitação e ele me respondeu à
altura, tinha sua prova em minhas mãos, sólida e pulsante. Mas no final ele não
me largou como eu costumo fazer. Ele me beijou e fez meu coração se iluminar
ainda mais.
Não vou passar um segundo sequer
pensando quem seria ele na minha vida real, talvez seja só a minha mente nostálgica
ou um amor platônico engavetado pelo tempo, mas ainda quero saber o seu nome.